
Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho premiados em Cannes
Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho brilham em Cannes com ‘O Agente Secreto’
O Agente Secreto, filme brasileiro dirigido por Kleber Mendonça Filho e estrelado por Wagner Moura, conquistou prêmios importantes no Festival de Cannes, consolidando o cinema nacional no cenário internacional. A produção levou o prêmio de melhor ator para Moura e melhor diretor para Mendonça Filho, marcando a primeira vez que um filme brasileiro vence na categoria de atuação no festival.
Recepção e estratégia de distribuição
O longa, ambientado em Recife durante a ditadura militar, foi ovacionado por mais de dez minutos em sua estreia e garantiu acordos de distribuição com a Neon (EUA) e a Mubi (Reino Unido, Índia e América Latina). A crítica internacional elogiou a narrativa, com a Variety destacando a capacidade do diretor de “transportar o público para a época” e a BBC classificando-o como um “thriller político vibrante”.
Além dos prêmios principais, o filme venceu na seleção oficial da Fipresci, associação global de críticos de cinema. O júri ressaltou a “generosidade épica” da obra, que combina humor, drama e uma crítica contundente à corrupção.
Frevo no tapete vermelho: marketing que viralizou
Um dos momentos mais comentados foi a apresentação da Orquestra Popular do Recife no tapete vermelho, com Wagner Moura dançando frevo. A ação, idealizada pela distribuidora Vitrine Filmes, teve patrocínio da Embratur e da Secretaria de Cultura de Pernambuco, gerando engajamento espontâneo nas redes sociais.
“Queríamos criar um carnaval em Cannes”, explicou Bernardo Lessa, responsável pelo lançamento. “O resultado superou as expectativas e ampliou a visibilidade do filme.” A estratégia reforçou a identidade cultural da produção e atraiu a atenção de distribuidores globais.
Por que Cannes é decisivo para o cinema brasileiro?
Segundo especialistas, o festival funciona como uma vitrine global para filmes fora do circuito hollywoodiano. Ana Paula Sousa, pesquisadora de cinema, compara a seleção à “final olímpica” do audiovisual. “Cannes concentra imprensa internacional e oportunidades de negócios no Marché du Film, o maior mercado de direitos cinematográficos do mundo”, afirmou.
Para Hadija Chalupe da Silva, professora de cinema, festivais como Cannes são estratégicos para distribuição: “Eles geram burburinho digital e legitimam obras perante o público e investidores”. O sucesso em Cannes também impacta o mercado interno, despertando interesse mesmo antes da estreia nacional, prevista para 2025.
O futuro do filme e do cinema nacional
Com os prêmios e a repercussão positiva, O Agente Secreto já é considerado um marco na carreira de Mendonça Filho, que tem três filmes exibidos em Cannes – incluindo Bacurau, vencedor do Prêmio do Júri em 2019. A Vitrine Filmes planeja tornar o longa seu maior lançamento desde a fundação da empresa.
“O modelo de distribuição mudou. Precisamos convencer o público a sair de casa”, reflete Lessa. A aposta em estratégias criativas e no poder dos festivais parece estar dando certo, reforçando o potencial do cinema brasileiro no cenário internacional.
Por InfoRadar