Moody's rebaixa nota de crédito dos EUA após 108 anos

Moody's rebaixa nota de crédito dos EUA após 108 anos

A Moody's rebaixou a nota de crédito dos EUA de "AAA" para "Aa1", citando alto endividamento e custos crescentes com juros. A Casa Branca criticou a decisão, alegando motivação política. O mercado reagiu com aumento nos rendimentos dos títulos e queda no S&P 500. Apesar do rebaixamento, a perspectiva é estável, mas reformas fiscais são necessárias para recuperar a nota máxima.

Sob Trump, Estados Unidos têm nota rebaixada pela Moody’s pela primeira vez desde 1917

A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito soberano dos Estados Unidos de “AAA” para “Aa1”, marcando a primeira redução desde 1917. A decisão reflete o aumento consistente do endividamento público ao longo da última década, com a dívida atingindo níveis significativamente mais altos que os de outros países com classificação similar.

Segundo a Moody’s, o déficit fiscal elevado e os custos crescentes de juros são os principais motivos para o rebaixamento. Projeções indicam que os pagamentos de juros podem consumir cerca de 30% da receita pública até 2035, contra 18% em 2024. Em comparação, países com grau máximo de investimento gastam, em média, apenas 1,6% da receita com juros.

Casa Branca critica decisão

A Casa Branca reagiu rapidamente, classificando o rebaixamento como uma decisão política. Steven Cheung, porta-voz do presidente Donald Trump, acusou o economista Mark Zandi, da Moody’s Analytics, de ser um crítico declarado do governo. A Moody’s Ratings, no entanto, é uma entidade separada da Moody’s Analytics, e Zandi não se manifestou sobre o caso.

Impacto nos mercados financeiros

O anúncio provocou reações imediatas nos mercados. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos subiram para 4,49%, enquanto um fundo vinculado ao S&P 500 registrou queda de 0,6% no pós-mercado. Analistas alertam que o rebaixamento pode levar os investidores a exigir rendimentos mais altos para títulos públicos, aumentando o custo da dívida.

Contexto do endividamento americano

O rebaixamento ocorre em um momento em que a dívida dos EUA ultrapassa 100% do PIB, impulsionada por empréstimos pós-pandemia e juros elevados para conter a inflação. Joseph Lavorgna, ex-membro do Conselho Econômico Nacional, questionou o momento da decisão, destacando que um projeto de corte de custos está em tramitação no Congresso. Ele também ressaltou que a relação dívida/PIB dos EUA não é atípica entre economias desenvolvidas.

Perspectivas futuras

Apesar do rebaixamento, a Moody’s manteve a perspectiva “estável” para os EUA, citando a eficácia histórica da política monetária do Federal Reserve. Para recuperar a nota máxima, porém, o país precisará implementar reformas fiscais que reduzam o déficit e melhorem a sustentabilidade da dívida.

Com a mudança, os EUA deixam o grupo de países com classificação “prime”, que inclui Alemanha e Noruega, e passam para o nível “high grade”, ao lado de Áustria e Finlândia. Das três principais agências de risco, apenas a Moody’s ainda mantinha a nota máxima para os EUA antes deste rebaixamento.

Por InfoRadar

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