
Investidores de tecnologia se adaptam a mercado com menos liquidez e mais IA
Investidores de Tecnologia se Reposicionam em Cenário de Menor Liquidez e Ascensão da IA
Sunnyvale, Califórnia — Em um mercado marcado por menor liquidez e pela onipresença da inteligência artificial (IA), investidores e fundos de capital de risco estão reavaliando estratégias para captação e retorno financeiro. O tema dominou os debates no Brazil at Silicon Valley (BSV), evento que reuniu cerca de 700 profissionais no auditório do Google MP7, em Sunnyvale.
Segundo especialistas, a IA deixou de ser um diferencial competitivo para se tornar uma exigência básica nos negócios. Anna Piñol, sócia do fundo NFX, destacou: “Antes, separávamos empresas com e sem IA. Hoje, todas precisam integrar a tecnologia para sobreviver.”
Maria Tereza Azevedo, diretora de investimentos do SoftBank para América Latina, reforçou que os investidores priorizam empresas com dados proprietários e domínio técnico. “Quem não tem clareza sobre como aplicar IA enfrenta dificuldades para captar recursos”, afirmou.
Números Revelam Cenário Desafiador
Os dados mostram o impacto da mudança: entre 2021 e 2024, o capital levantado por fundos de venture capital caiu 55%, e o valor das transações reduziu pela metade. No mesmo período, os investimentos em IA recuaram apenas 7%, representando metade do total aplicado. A América Latina, porém, se destaca, atraindo US$ 4,3 bilhões em 2023 — quase cinco vezes mais que uma década atrás.
Essa dinâmica tem levado os fundos a buscar negócios com retorno acelerado. “A IA permite que equipes enxutas gerem resultados expressivos. Agora, avaliamos o rendimento por empregado”, explicou Anna Piñol.
América Latina no Radar Global
Com o fechamento do mercado para IPOs, as saídas têm se concentrado em investidores privados. Maria Tereza Azevedo destacou o potencial da região: “Empreendedores latino-americanos estão acostumados à volatilidade, o que os torna resilientes.” O SoftBank, por exemplo, liderou um aporte de US$ 40 bilhões na OpenAI e agora mira oportunidades no Brasil e no México.
Chris Douvos, fundador do Ahoy Capital, acrescentou que investidores dos EUA estão de olho em outros mercados emergentes, como Índia e Leste Europeu. “Há oportunidades globais, mas exige sair da zona de conforto”, disse.
Conselhos para Startups em Busca de Investimento
Para Julian Skotheim, da Stanford Management Company, a chave está no alinhamento de objetivos. “Fundadores devem buscar parceiros que compartilhem sua visão, não apenas dizer o que os investidores querem ouvir. É uma relação de longo prazo.”
O evento reforçou que, apesar dos desafios, a combinação de IA estratégica e foco em mercados dinâmicos como a América Latina abre caminho para novas oportunidades no ecossistema de tecnologia.
Por InfoRadar