
"Gleisi sobre anistia revolta STF e gera críticas no Planalto"
Fala de Gleisi sobre anistia revolta ministros do STF: “Absurdo” e “loucura”
A declaração da ministra Gleisi Hoffmann (PT) sobre a possibilidade de discutir anistia para envolvidos nos ataques de 8 de janeiro gerou forte reação no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Planalto. Ministros classificaram a fala como “inaceitável”, enquanto integrantes do governo afirmam que a proposta não tem aval do presidente Lula.
Reação do STF e críticas no Planalto
Na quinta-feira (10), Gleisi, ministra das Relações Institucionais, afirmou que “é defensável do ponto de vista de alguns parlamentares” discutir anistia ou redução de pena para parte dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, episódio no qual o STF foi alvo de invasões. A declaração foi recebida com indignação por ministros da Corte, que a consideraram um “absurdo” e uma “loucura”.
Dois magistrados ouvidos pelo blog atribuíram a fala à necessidade do governo de negociar pautas no Congresso, onde a base aliada enfrenta resistência. Um deles afirmou: “O governo não tinha que piscar, não. Não é papel deles [discutir anistia].” Outro comparou a estratégia ao “jogo de Hugo Motta”, presidente da Câmara pressionado por bolsonaristas.
No Planalto, a declaração também foi mal recebida. Um integrante do núcleo governamental afirmou que a frase “não tem sentido” e não contou com o aval de Lula. Marco Aurélio Carvalho, do grupo Prerrogativas, reforçou: “Eventuais revisões de penas devem ser discutidas pelo STF. Apenas e tão somente.”
Gleisi recua e afirma que fala foi “mal colocada”
Após as críticas, Gleisi revisou sua posição na manhã de sexta-feira (11), classificando sua declaração como “mal colocada”. Ela esclareceu que não defende anistia, mas sim uma mediação entre Congresso e Judiciário sobre eventuais reclamações de penas elevadas.
“Conversar, sim, cabe ao Congresso. Mas revisar pena é Judiciário”, afirmou. A ministra reforçou sua oposição ao projeto de anistia defendido por Jair Bolsonaro (PL), que, segundo ela, visa “a impunidade do ex-presidente e dos comandantes do golpe”.
O episódio ocorre no mesmo dia em que a oposição conseguiu os 257 votos necessários para tramitar com urgência um projeto de anistia, que poderá ser votado diretamente no Plenário da Câmara, sem passar por comissões.
Impacto político e judicial
Analistas apontam que a controvérsia reflete a pressão do governo para evitar avanços da anistia no Congresso, onde a base bolsonarista ganhou força. Apesar do recuo, a fala inicial de Gleisi alimentou especulações sobre um possível acordo para reduzir penas em troca de frear a proposta.
O STF, principal alvo dos ataques de 8 de janeiro, mantém posição firme contra qualquer medida que minimize a responsabilidade dos envolvidos. A Corte já condenou dezenas de acusados, incluindo líderes dos atos, e rejeita interferências legislativas no processo judicial.