
"Glauber Braga e o heroísmo contra a mercantilização política"
Glauber Braga e o Heroísmo na Política: Um Gesto que Redefine a Dignidade
A vida política brasileira enfrenta uma crise de credibilidade, marcada pela mercantilização das instituições e pelo descaso com o interesse público. Nesse cenário, atos de correque desafiam a lógica utilitarista ganham destaque. O deputado federal Glauber Braga, ao entrar em greve de fome contra as emendas secretas, resgatou um debate esquecido: o valor do sacrifício pela coletividade.
A Crise de Legitimidade e a Mercantilização da Política
O descrédito nas instituições políticas no Brasil é alimentado por três fatores principais:
- Fracasso econômico: Duas décadas de estagnação e desigualdade.
- Corrupção e impunidade: Escândalos recorrentes sem consequências efetivas.
- Redução da política a um mercado: Onde votos e cargos são commodities.
Enquanto os dois primeiros pontos são amplamente debatidos, o terceiro permanece negligenciado. A política como extensão do mercado transforma representantes em negociantes, onde o interesse público é substituído por cálculos eleitoreiros.
O Gesto de Glauber: Heroísmo ou Necessidade?
Durante dez dias, Glauber Braga colocou sua vida em risco em protesto contra as emendas secretas, mecanismos que perpetuam a troca de favores no Congresso. Seu ato:
- Mobilizou a sociedade civil e partidos políticos.
- Exigiu transparência e accountability.
- Reacendeu a discussão sobre dignidade na política.
O heroísmo, aqui, não está no sacrifício em si, mas na disposição de colocar o corpo como instrumento de luta coletiva. Glauber lembrou que a política pode – e deve – transcender o utilitarismo.
Lições da História: Vargas e o Poder do Sacrifício
Em 1954, o suicídio de Getúlio Vargas reverteu seu isolamento político e provocou comoção nacional. Seu gesto extremo, assim como o de Glauber, evidencia uma verdade incômoda: a política ganha legitimidade quando demonstra disposição para o sacrifício, não apenas para o cálculo.
O Caminho para Reconstruir a Confiança
Para reverter a crise de representatividade, é preciso:
- Combater a mercantilização da política com transparência e participação popular.
- Valorizar gestos que resgatem a ética pública, sem romantizar o sacrifício.
- Exigir que representantes priorizem o interesse coletivo sobre vantagens pessoais.
O caso de Glauber Braga não é sobre um homem, mas sobre um sintoma. Se a política não se renovar, o risco é que o vácuo de credibilidade seja preenchido por soluções autoritárias. A refundação democrática exige coragem – e, às vezes, corpos dispostos a pagar o preço.
Por InfoRadar