Empresas brasileiras reagem à onda antiwoke dos EUA

Empresas brasileiras reagem à onda antiwoke dos EUA

Empresas brasileiras, como Magazine Luiza, ajustam sua comunicação, refletindo tendências globais de afastamento do discurso "woke". Enquanto EUA questionam políticas de diversidade, no Brasil há cautela, com empresas como Natura mantendo compromissos sociais. Especialistas destacam a influência política e econômica nesse realinhamento corporativo.

Empresas brasileiras começam a reagir à onda “antiwoke” que tomou conta dos EUA

Grandes corporações no Brasil, como Magazine Luiza, mostram sinais de realinhamento em sua comunicação, refletindo tendências globais de afastamento do discurso “woke”. A estratégia, porém, ainda é incipiente e divide especialistas sobre seu impacto no mercado nacional.

Mudança de tom na comunicação corporativa

Durante a Páscoa, a Magazine Luiza surpreendeu ao adotar um tom abertamente religioso em suas redes sociais, destacando o significado cristão da data em vez do aspecto comercial. Publicações com mensagens de padres, pastores e até da própria dona da rede, Luiza Helena Trajano, marcaram uma diferença em relação ao posicionamento histórico da empresa, conhecida por bandeiras identitárias.

Em 2020, a varejista foi alvo de críticas ao lançar um programa de trainee exclusivo para negros, iniciativa que gerou debates sobre diversidade racial no mercado corporativo. Agora, analistas sugerem que a nova abordagem pode ser influenciada pelo movimento “antiwoke” que ganha força nos EUA, onde empresas como Disney, Walmart e McDonald’s revisaram suas políticas de inclusão.

Brasil ainda resiste à onda “antiwoke”

Enquanto nos EUA políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) são questionadas, no Brasil empresas como Natura e Carrefour reforçaram compromissos com pautas sociais e ambientais em 2024. Alexandre Chaia, economista do Insper, explica: “Aqui, o reposicionamento é mais cauteloso. As empresas buscam engajar novos públicos sem abandonar totalmente o discurso woke”.

Um indicativo de mudança, porém, veio da Vale. Catia Porto, vice-presidente de RH da mineradora, defendeu em fevereiro que a meritocracia deve substituir a ênfase em diversidade: “O modelo MEI (Mérito, Excelência e Inteligência) está ganhando espaço frente ao DEI”, afirmou.

Fator político e econômico no cenário global

Especialistas apontam que a ascensão de Donald Trump nos EUA acelerou a reação contra o progressismo corporativo. “Crises econômicas e frustrações com governos de esquerda alimentam esse movimento”, analisa Chaia. No Brasil, Achiles Junior, professor da Uninter, acredita que as eleições de 2026 poderão definir o rumo: “Empresas aguardam sinais políticos antes de adotar mudanças mais radicais”.

O cenário ainda é de incerteza. Se por um lado há uma saturação do discurso woke no mercado global, por outro, empresas brasileiras mantêm cautela para não alienar consumidores. O desafio, segundo especialistas, é equilibrar posicionamento ideológico com estratégias de longo prazo, evitando polarizações que possam impactar negativamente os negócios.

Por InfoRadar

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