
Divergências entre Haddad e Galípolo marcam relação Fazenda-BC
Alta do IOF escancara divergências entre Haddad e Galípolo
Sinais são de fim da lua de mel entre o presidente do BC e o ministro da Fazenda
A relação entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central, marcada no começo do ano por um clima pacífico, dá sinais agora de fim da lua de mel entre Gabriel Galípolo e Fernando Haddad. Às diferenças de visão sobre o efeito dos juros na economia, somou-se o incômodo com o anúncio do decreto de alta do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
O episódio revelou publicamente um desalinhamento de estratégia, após a promessa de uma ação harmônica entre a política econômica da Fazenda e do BC. Galípolo deixou claro que não foi informado da decisão e se manifestou contrariamente à medida. O clima entre os dois esquentou nos bastidores, com cobranças de ambos os lados.
O início do desgaste remonta a dezembro, quando uma reunião tensa entre Fazenda e BC discutiu a elevação do IOF. Na ocasião, secretários de Haddad pressionaram Galípolo, contrário à medida, a aceitar as mudanças. A situação se agravou após o anúncio do aumento do imposto, quando auxiliares do ministro afirmaram que o presidente do BC estava ciente da iniciativa — o que não era verdade.
O mal-estar também se estende às divergências sobre o impacto da taxa Selic na economia. Enquanto o BC defende que os indicadores de atividade seguem resistentes, a Fazenda aponta sinais de desaceleração, especialmente no crédito. Em fevereiro, a subsecretária de Política Macroeconômica, Raquel Nadal, afirmou que o próprio BC já contemplava um crescimento modesto para 2025, declaração mal recebida pela autoridade monetária.
Na tentativa de acalmar os ânimos, ambos os lados buscaram reduzir a tensão. Galípolo elogiou a agilidade de Haddad em recuar parcialmente do aumento do IOF, enquanto interlocutores da Fazenda reafirmaram confiança no presidente do BC. Apesar disso, o episódio deixou claro que a harmonia inicial entre as equipes pode estar com os dias contados.
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